2º ato da ópera *O Nazareno*
José Agostinho / Frei Hermano da CâmaraRepertório de Amália
Eu soube, num sonho, que aí com Simão
Jantáveis, ó Cristo, de faces radiosas
E trago-vos bálsamos, trago-vos de rosas
E trago mil beijos de límpida unção
Deixai que estas lágrimas tão dolorosas
Vos verta nos pés que iluminam o chão
Esses pés de marfim que me enchem
De santa e fremente paixão
E lembram as bases do meigo jasmim
Quero o eterno amor, quero o eterno amor
O amor sem vergonha sem treva e sem fim
Sem trave e sem fim
Jesus Nazareno, meu sol, meu Senhor
Jesus Nazareno, meu sol, meu Senhor
Ó Cristo… deixai
Que esses pés vos alague de prantos assim
Talvez que este choro os meus crimes apague
Talvez que esta dor meus remorsos esmague
Talvez que esta angústia me faça um jardim
Que eu chore, que eu gema numa dor sem fim
Aos pés de quem fez da virtude um poema
Da virtude um poema
Deixai que eu enxugue com estes cabelos
Os pés já banhados por dor tão suprema
E bálsamos verta, talvez porque tema
Que os prantos vos firam os pés com seus gelos
Com sua postema e amarga paixão,
Ó Cristo, ó vidente de meigos anelos
Jesus Nazareno o perdão e perdão
Jesus Nazareno o perdão e perdão