-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As 7.510 letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.510 LETRAS <> 3.530.000 VISITAS <> OUTUBRO 2024 <>
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

.

Decrepitude

Mote de Manuel Maria / Glosa de Henrique Rego
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado


Um fadista já cansado
Quando o passado lembrou
Abraçou uma guitarra
Não pôde cantar, chorou


Peregrino da quimera
Carnes saudosas, dolentes
Compôs das mágoas ingentes
Que aos poucos a vida gera
Das galas da Primavera
Ao sentimento inspirado
Ora triste, ora nimbado
Dos fulgores mais diversos
Tudo cantou nos seus versos
Um fadista já cansado

Quem diz que está velha a lira
Desse inspirado cantor
Não sabe que a própria dor
As musas, também inspira
Como a lembrança suspira 
Por tudo que já passou
Esse, que altivo cantou 
Os sonhos da mocidade
Pôs-se a cantar com saudade
Quando o passado lembrou

A inspiração infinita
Vinha-lhe em termos concisos
Como fonte de improvisos 
Numa garganta bendita
Alma ansiosa, contrita 
Do fado não se desgarra
E na atitude bizarra 
Dos fadistas de eleição
Bem de encontro ao coração
Abraçou uma guitarra

Era o troféu, a bandeira 
Da sua vida o sacrário
Era o fado extraordinário 
Por quem dera a vida inteira
Da cantiga derradeira 
Que à sua boca aflorou
Tanta tristeza emprestou 
Num rasgo sentimental
Que neste transe final
Não pôde cantar, chorou