Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Um fadista já cansado
Quando o passado lembrou
Abraçou uma guitarra
Não pôde cantar, chorou
Peregrino da quimera
Carnes saudosas, dolentes
Compôs das mágoas ingentes
Que aos poucos a vida gera
Das galas da Primavera
Ao sentimento inspirado
Ora triste, ora nimbado
Dos fulgores mais diversos
Tudo cantou nos seus versos
Um fadista já cansado
Quem diz que está velha a lira
Tudo cantou nos seus versos
Um fadista já cansado
Quem diz que está velha a lira
Desse inspirado cantor
Não sabe que a própria dor
Não sabe que a própria dor
As musas, também inspira
Como a lembrança suspira
Como a lembrança suspira
Por tudo que já passou
Esse, que altivo cantou
Esse, que altivo cantou
Os sonhos da mocidade
Pôs-se a cantar com saudade
Quando o passado lembrou
A inspiração infinita
Pôs-se a cantar com saudade
Quando o passado lembrou
A inspiração infinita
Vinha-lhe em termos concisos
Como fonte de improvisos
Como fonte de improvisos
Numa garganta bendita
Alma ansiosa, contrita
Alma ansiosa, contrita
Do fado não se desgarra
E na atitude bizarra
E na atitude bizarra
Dos fadistas de eleição
Bem de encontro ao coração
Abraçou uma guitarra
Era o troféu, a bandeira
Bem de encontro ao coração
Abraçou uma guitarra
Era o troféu, a bandeira
Da sua vida o sacrário
Era o fado extraordinário
Era o fado extraordinário
Por quem dera a vida inteira
Da cantiga derradeira
Da cantiga derradeira
Que à sua boca aflorou
Tanta tristeza emprestou
Tanta tristeza emprestou
Num rasgo sentimental
Que neste transe final
Não pôde cantar, chorou
Que neste transe final
Não pôde cantar, chorou