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O amarelo da carris

Ary dos Santos / José Luís Tinoco
Repertório de Carlos do Carmo

O amarelo da carris 
Vai da Alfama à Mouraria
Quem diria
Vai da Baixa ao Bairro Alto 
Trepa à Graça em sobressalto
Sem saber geografia

O amarelo da carris 
Já teve um avô outrora
Que era o Chora
Teve um pai americano 
Foi inglês por muito ano
Só é português agora

Entram magalas, costureiras

Descem senhoras petulantes
Entre a verdade
Os beliscos e as peneiras
Fica tudo como dantes
Quero um de quinze p'rá Pampulha

Já é mais caro este transporte
E qualquer dia, mudo a agulha 
Porque a vida
Está pela hora da morte

O amarelo da carris 
Tem misérias à sucapa
Que ele tapa
Tinha bancos de palhinha 
Hoje tem cabelos brancos
E os bancos são de napa


No amarelo da carris 
Já não há "pode seguir" 
Para se ouvir
Hoje o pó que o faz andar 
É o pó do lava-lar
Com que ele se foi cobrir

Quando um rapaz empurra um velho
Ou se machuca uma criança
Então a gente 
Vê ao espelho o atropelo
E a ganância que nos cansa
E quando a malta fica à espera

É que percebe como é
Passa à pendura
O pendura que não paga
E não quer andar a pé