Repertório de Adelina Fernandes
Estreado por na opereta “Mouraria* em 1926
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Porque pasmais do meu xaile
Foi de xaile, como nós
Que outrora, em traje de baile
Que outrora, em traje de baile
Andaram vossas avós
Julguei poder vir ao baile
Julguei poder vir ao baile
Com o meu xaile?
Que coisa mais portuguesa
Que coisa mais portuguesa
Senhoras d’alta nobreza?!
Até sei duma Marquesa
Até sei duma Marquesa
De beleza muito rara;
Que usou dum xaile, também
P’ra reconquistar alguém
Que usou dum xaile, também
P’ra reconquistar alguém
Que a Severa lhe roubara
Julguei poder vir ao baile
Que coisa mais portuguesa
Senhoras d’alta nobreza?!
Basta, porém, de piadas
Julguei poder vir ao baile
Com o meu xaile?
Toda a tricana, em Coimbra
Usa xaile e, sem favores
Bem sabeis como ela timbra
Bem sabeis como ela timbra
E vos conquista os doutores
Que coisa mais portuguesa
Senhoras d’alta nobreza?!
Basta, porém, de piadas
A minha mãe, que Deus tem
Era mulher muito honrada
Era mulher muito honrada
E usava xaile também
Recitando (a meia voz)
É certo, uso xaile e lenço
E nunca pensei nem penso
Em vestir doutra maneira
Basta que eu goste de mim
P’ra quem queira sou assim
E quem não queira, não queira
Não conhece a Mouraria
Quem passou por lá um dia
E lá dentro não ficou
Por lá dentro ter amado
Ter sofrido, ter chorado
Porque um dia lá entrou