Do livro *Verso e Reverso* de 1962
Versos transcritos do livro editado pela
Academia da Guitarra e do Fado
CEGO E TONTO
Chamas-me cego… não nego
Mas tu é que és a culpada
Se te vejo, fico cego
Porque não vejo mais nada
Chamas-me tonto… de pronto
Concordo também contigo
Se te vejo, fico tonto
Porque não sei o que digo
CINZAS
CEGO E TONTO
Chamas-me cego… não nego
Mas tu é que és a culpada
Se te vejo, fico cego
Porque não vejo mais nada
Chamas-me tonto… de pronto
Concordo também contigo
Se te vejo, fico tonto
Porque não sei o que digo
CINZAS
De uma brasa consumida
Formou-se um rolo de fumo
Fez-se em dois, e de seguida
Cada qual tomou seu rumo
A brasa, em cinza volvida
Deixou de aquecer a casa
E eu vi toda a nossa vida
Na morte daquela brasa
MÁ SINA
Aquela que é do meu gosto
Embora que mal pareça
Tem as virtudes do mosto
Porque me sobe à cabeça
Mas os seus olhos em brasa
Nunca deram pelos meus
Não são de trazer por casa
São olhos de ver a Deus
O AMOR E A VERDADE
No amor, se a verdade existe
Parece guardar segredo
Duvida-se dela e a triste
Retrai-se, mostra-se a medo
No amor, o que mais compraz
É o sonho que a gente crê
Sempre oculto por detrás
Da verdade que se vê
O GOSTO DE GOSTAR
Quando a vejo tão bonita
Tão gentil, tão engraçada
Meu coração quase grita
Mas da boca não sai nada
Cala-me o gosto que dá
Gostar a gente de alguém
De tanto gosto, não há
Gosto que saiba tão bem
O QUE ME RESTA
Vi dois olhos infernais
Perdi a fé quando os vi
E nunca mais, nunca mais
Achei a fé que perdi
Foi-se com ela a esperança
De saber-te com saudade
Das virtudes de criança
Resta-me hoje a caridade
PRECE
Não me negues a ventura
Do que me atrai para ti
Transformando em noite escura
A manhã em que te vi
E se, por fatalidade
Contra mim o amor conspira
Em lugar dessa verdade
Não me negues a mentira
TAMBÉM TENHO O MEU ARADO
Eu também sou cavador
Também tenho a minha enxada
Também rego com suor
A terra por mim cavada
Também tenho o meu arado
Na pena, que amo e bendigo
E o papel é o chão lavrado
E as letras são grãos de trigo
VERDADE
Pedi ao mar a verdade
E o mar arrojou-me à terra
Procurei-a na cidade
Apontou-me, ao longe, a serra
Corri mundo sem parança
E, procurando um troféu
Mais não ganhei do que a esp’rança
De ir encontrá-la no céu
Formou-se um rolo de fumo
Fez-se em dois, e de seguida
Cada qual tomou seu rumo
A brasa, em cinza volvida
Deixou de aquecer a casa
E eu vi toda a nossa vida
Na morte daquela brasa
MÁ SINA
Aquela que é do meu gosto
Embora que mal pareça
Tem as virtudes do mosto
Porque me sobe à cabeça
Mas os seus olhos em brasa
Nunca deram pelos meus
Não são de trazer por casa
São olhos de ver a Deus
O AMOR E A VERDADE
No amor, se a verdade existe
Parece guardar segredo
Duvida-se dela e a triste
Retrai-se, mostra-se a medo
No amor, o que mais compraz
É o sonho que a gente crê
Sempre oculto por detrás
Da verdade que se vê
O GOSTO DE GOSTAR
Quando a vejo tão bonita
Tão gentil, tão engraçada
Meu coração quase grita
Mas da boca não sai nada
Cala-me o gosto que dá
Gostar a gente de alguém
De tanto gosto, não há
Gosto que saiba tão bem
O QUE ME RESTA
Vi dois olhos infernais
Perdi a fé quando os vi
E nunca mais, nunca mais
Achei a fé que perdi
Foi-se com ela a esperança
De saber-te com saudade
Das virtudes de criança
Resta-me hoje a caridade
PRECE
Não me negues a ventura
Do que me atrai para ti
Transformando em noite escura
A manhã em que te vi
E se, por fatalidade
Contra mim o amor conspira
Em lugar dessa verdade
Não me negues a mentira
TAMBÉM TENHO O MEU ARADO
Eu também sou cavador
Também tenho a minha enxada
Também rego com suor
A terra por mim cavada
Também tenho o meu arado
Na pena, que amo e bendigo
E o papel é o chão lavrado
E as letras são grãos de trigo
VERDADE
Pedi ao mar a verdade
E o mar arrojou-me à terra
Procurei-a na cidade
Apontou-me, ao longe, a serra
Corri mundo sem parança
E, procurando um troféu
Mais não ganhei do que a esp’rança
De ir encontrá-la no céu