Repertório
de Carlos Zel
Os meus lábios deslizam-te na pele
A murmurar palavras inventadas
E ombro e seio e pé e coxa e espádua
Ganham nomes de terra fecundada
Porém, se acaso a água nos possui
Já são corais as partes do teu corpo
E tens algas nos pés, conchas azuis
No ventre nas orelhas, no pescoço
Mas se é o fogo rubro que me exalta
E à sua língua ardente é que me inflamo
Busco na labareda o que me falta
E são de chama os nomes que te chamo
E quando, enfim, mais lento o ar me toca
E a dolente carícia me deleita
Trato por cotovia a tua boca
Chamo gaivota à tua mão direita