Letra publicada no jornal Guitarra de Portugal, em Junho de 1938
Cerejas frescas, vermelhas
Pendentes pelos caminhos
São brincos para as orelhas
Das filhas dos pobrezinhos
São lindos os cerejais
Nas madrugadas frescosas
Quando Maio, o mês das rosas
Quando Maio, o mês das rosas
Desabrocha nos rosais
Pelos campos os zagais
Pelos campos os zagais
Desenvoltos, qual abelhas
Deixam as mansas ovelhas
Deixam as mansas ovelhas
Bebendo pelos ribeiros
Enquanto colhem, ligeiros
Cerejas frescas, vermelhas
Frutos de polpa macia
Enquanto colhem, ligeiros
Cerejas frescas, vermelhas
Frutos de polpa macia
Que me entontecem de amor
Por serem da rubra cor
Por serem da rubra cor
Desses teus lábios, Maria
Por isso, ao romper do dia
Por isso, ao romper do dia
Mal se oiça cantar os ninhos
Vamos como dois pombinhos
Vamos como dois pombinhos
Colhê-los, com devoção
Dos débeis ramos que estão
Pendentes pelos caminhos
Hás-de vibrar de ventura
Dos débeis ramos que estão
Pendentes pelos caminhos
Hás-de vibrar de ventura
Quando tua boca ardente
Mordiscar suavemente
Mordiscar suavemente
Esses rubis de doçura
Depois, farás com ternura
Depois, farás com ternura
Já que aos anjos te assemelhas
Desses frutos às parelhas
Desses frutos às parelhas
Pingentes inimitáveis
Que as cerejas adoráveis
São brincos para as orelhas
Brincos próprios da inocência
Que as cerejas adoráveis
São brincos para as orelhas
Brincos próprios da inocência
Simples jóias de crianças
Maravilhosas heranças
Maravilhosas heranças
Deixadas p’la indigência
Sem mostrardes a fulgência
Sem mostrardes a fulgência
Dos vis minérios daninhos
Vão p’ra vós os meus carinhos
Vão p’ra vós os meus carinhos
Cerejas dos meus anelos
Por serdes brincos singelos
Das filhas dos pobrezinhos
Por serdes brincos singelos
Das filhas dos pobrezinhos