-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

. . .

7090 LETRAS <> 3.082.000 VISITAS em FEVEREIRO 2024

. . .

Cerejas

Mote de Augusto Gil / Glosa de Henrique Rego
Letra publicada no jornal Guitarra de Portugal, em Junho de 1938


Cerejas frescas, vermelhas
Pendentes pelos caminhos
São brincos para as orelhas
Das filhas dos pobrezinhos


São lindos os cerejais 
Nas madrugadas frescosas
Quando Maio, o mês das rosas 
Desabrocha nos rosais
Pelos campos os zagais 
Desenvoltos, qual abelhas
Deixam as mansas ovelhas 
Bebendo pelos ribeiros
Enquanto colhem, ligeiros
Cerejas frescas, vermelhas

Frutos de polpa macia 
Que me entontecem de amor
Por serem da rubra cor 
Desses teus lábios, Maria
Por isso, ao romper do dia 
Mal se oiça cantar os ninhos
Vamos como dois pombinhos 
Colhê-los, com devoção
Dos débeis ramos que estão
Pendentes pelos caminhos

Hás-de vibrar de ventura 
Quando tua boca ardente
Mordiscar suavemente 
Esses rubis de doçura
Depois, farás com ternura 
Já que aos anjos te assemelhas
Desses frutos às parelhas 
Pingentes inimitáveis
Que as cerejas adoráveis
São brincos para as orelhas

Brincos próprios da inocência 
Simples jóias de crianças
Maravilhosas heranças 
Deixadas p’la indigência
Sem mostrardes a fulgência 
Dos vis minérios daninhos
Vão p’ra vós os meus carinhos 
Cerejas dos meus anelos
Por serdes brincos singelos
Das filhas dos pobrezinhos