Repertório
de Adriano Correia de Oliveira
Eu
canto para ti
O mês das giestas
O mês de morte e crescimento
O mês de morte e crescimento
Ó meu amigo
Como um cristal
Partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada
Eu canto para ti
No fundo da memória perturbada
Eu canto para ti
O mês onde começa a mágoa
E um coração poisado
E um coração poisado
Sobre a tua ausência
Eu canto um mês
Eu canto um mês
Com lágrimas e sol, o grave mês
Em que os mortos amados
Em que os mortos amados
Batem à porta do poema
Porque tu me disseste
Porque tu me disseste
Quem me dera em Lisboa
Quem me dera me Maio
Quem me dera me Maio
Depois morreste
Com Lisboa tão longe
Com Lisboa tão longe
Ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás
Que nunca mais acenderás
No meu o teu cigarro
Eu canto para ti
Eu canto para ti
Lisboa à tua espera
Teu nome escrito
Teu nome escrito
Com ternura sobre as águas
E o teu retrato
E o teu retrato
Em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso
Trazendo no sorriso
A flor do mês de Maio
Porque tu me disseste
Porque tu me disseste
Quem me dera em Maio
Porque te vi morrer
Porque te vi morrer
Eu canto para ti
Lisboa e o sol
Lisboa e o sol
Lisboa com lágrimas
Lisboa à tua espera
Lisboa à tua espera
Ó meu irmão tão breve