Repertório de Carlos do Carmo
De mão na anca
Descompõem a freguesa
Atrás da banca
Atrás da banca
Chamam-lhe gosma e burguesa
Mas nessa voz
Mas nessa voz
Como insulto à portuguesa
Há o sal de todos nós
Há o sal de todos nós
Há ternura e há beleza;
Do alto mar
Do alto mar
Chega o pregão que se alastra
Têm ondas no andar
Têm ondas no andar
Quando embalam a canastra
Minha varina
Minha varina
Que chinelas por Lisboa
Em cada esquina
É o mar que se apregoa
Nas escadinhas
Dás mais cor aos azulejos
Quando apregoas sardinhas
Quando apregoas sardinhas
Que nos sabem como beijos;
Os teus pregões
Os teus pregões
São iguais à claridade
Caldeirada de canções
Caldeirada de canções
Que se entorna na cidade
Cordões ao peito
Cordões ao peito
Numa luta que é honrada
A sogra a jeito
A sogra a jeito
Na cabeça levantada;
De perna nua
De perna nua
Com provocante altivez
Descobrindo a mar da rua
Descobrindo a mar da rua
Que esse sim, é português;
São as varinas
São as varinas
Dos poemas do Cesário
A vender a ferramenta
A vender a ferramenta
De que o mar é o operário
Minha varina
Minha varina
Que chinelas por Lisboa
Em cada esquina
Em cada esquina
É o mar que se apregoa
Nas escadinhas
Nas escadinhas
Dás mais cor aos azulejos
Quando apregoas sardinhas
Quando apregoas sardinhas
Que nos sabem como beijos;
Os teus pregões
Os teus pregões
Nunca mais ganham idade
Versos frescos de Camões
Versos frescos de Camões
Com salada de saudade