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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
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Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.760 LETRAS <> 3.932.000 VISITAS <> MAIO DE 2025
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Tempos idos

Mote de J. Guimarães / Glosa de Henrique Rego
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado


Quando uma guitarra harpeja
O fado – canção dolente
Sentimos o quer que seja
A chorar dentro da gente


Entre a guitarra e o passado 
Há tão grande afinidade
Que me parece a saudade
Ser irmã gémea do Fado;
Meu pensamento enlevado 
Num anseio que brotoeja
De alma triste que voeja 
Mais subtil que a fragrância;
Rompe as brumas da distância
Quando uma guitarra harpeja

Então, distante, esquecido
De mim próprio, do meu ser
Eis-me de novo a viver
Tudo o que tenho vivido;
E no brilho amortecido 
Do meu olhar que foi quente
Persuasivo, eloquente 
Arde esse antigo fulgor
Se alguém canta com amor
O fado – canção dolente

Recordar com devoção 
Um pretérito bendito
É conter o infinito 
No espaço dum coração;
Quando a eterna evocação 
Dum bem perdido se almeja
A alma risonha lampeja 
E num pulsar contrafeito
A bater dentro do peito
Sentimos o quer que seja

Manuel da Mota, Serrano
António Rosa, Ginguinha
Não pode a vida mesquinha 
Olvidar seu estro ufano;
O Fado é triste, é humano 
Evocativo, fremente
Por andarem tristemente 
Saudosas, meigas, discretas;
As almas desses poetas
A chorar dentro da gente