Letra de Alberto Janes
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível.
Em cada ardina, um gigante pequenino
Vai dominando o destino
P’ra que a sorte não desande
Todos iguais, olhar esperto como os ratos
Têm corpo de gaiatos
Mas têm a alma grande
Desde Belém ao Rato, ao Alto do Pina
Em toda a parte domina
O ardina, na verdade
Tinha que ser, que Lisboa é toda sua
Porque o ardina é da rua
Como a rua da cidade
Com pé ligeiro tudo corre de repente
Num pedacinho de gente
Há energia de mais
E quantas vezes, do seu trabalho do dia
Sai o pão, a alegria
Que põe na mesa dos pais
Rapaziada miúdos tão pequeninos
Que nunca foram meninos
Vão ouvir o nosso fado
Não pensem que Deus nos abandonou
A mão dele nos guiou
Nos passos que temos dado
Como um pardal saído há pouco do ninho
Parti um dia sozinho
Em casa nem um tostão
Quem me guiou em tanta volta que dei
Que não morri e voltei
Trazendo dinheiro p’ró pão
Com pouco mais do que três palmos de altura
Conhecendo a amargura
Dos desgostos que consomem
E da miséria que morava com os meus
Com a ajuda de Deus
Ganho a vida como um homem