Repertório de Camané
Ninguém sabe por que fados
Os ventos sopram sózinhos
às janelas da saudade
Arrastando tempestades
Que nos fustigam as carnes
Desfazendo com uivados
O que foi a nossa imagem
Resto de nós, quase aragem
À janela... à janela... à janela
E haverá um lugar
Onde toda esta colheita
De razões mais que maduras
Fermente, enfim descansada
Fermente, enfim descansada
Desfazendo até ao osso
Este esboço de pureza
Este esboço de pureza
Desfeito em água mirada
Que está onde e é o quê
À janela... à janela... à janela
Bato ao postigo, à vidraça
Responde o eco, batendo
Não sei se lá está alguém
Que está onde e é o quê
À janela... à janela... à janela
Bato ao postigo, à vidraça
Responde o eco, batendo
Não sei se lá está alguém
Ou não quer, não pode ouvir-me
Quisera eu estar lá dentro
Quisera eu estar lá dentro
E fora também batendo
Quisera eu ser alívio
Quisera eu ser alívio
P'ra nosso alívio encontrar
À janela... à janela... à janela
À janela... à janela... à janela