Repertório de Amália
Não queiram mal a quem canta
Quando uma garganta
Se enche e desgarra
Que a mágoa já não é tanta
Se a confessar à guitarra
Quem canta sempre se ausenta
Da hora cinzenta
Que a mágoa já não é tanta
Se a confessar à guitarra
Quem canta sempre se ausenta
Da hora cinzenta
Da sua amargura
Não sente a cruz tão pesada
Na longa estrada da desventura
Eu só entendo o fado
Plangente, amargado
À noite a soluçar baixinho
Que chega ao coração
Não sente a cruz tão pesada
Na longa estrada da desventura
Eu só entendo o fado
Plangente, amargado
À noite a soluçar baixinho
Que chega ao coração
Num tom magoado
Tão frio como as neves do caminho
Que chore uma saudade
Ou cante uma ansiedade
De quem tem por amor, chorado
Dirão que isto é fatal, é natural
Mas é lisboeta... isto é que é o fado
Oiço guitarras vibrando
E vozes cantando
Tão frio como as neves do caminho
Que chore uma saudade
Ou cante uma ansiedade
De quem tem por amor, chorado
Dirão que isto é fatal, é natural
Mas é lisboeta... isto é que é o fado
Oiço guitarras vibrando
E vozes cantando
Na rua sombria
As luzes vão-se apagando
A anunciar que é já dia
Fecho em silêncio a janela
Já se ouvem na viela
As luzes vão-se apagando
A anunciar que é já dia
Fecho em silêncio a janela
Já se ouvem na viela
Rumores de ternura
Surge a manhã fresca e calma
Só em minha alma é noite escura
Surge a manhã fresca e calma
Só em minha alma é noite escura