Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Mendigos esfarrapados
Sem conforto, sem guarida
São frutos abandonados
No grande pomar da vida
Caminhantes sem roteiro
Exaustos, os pés em sangue
Arrastam a alma exangue
Arrastam a alma exangue
Nas sendas do mundo inteiro;
Nem um pálido luzeiro
Nem um pálido luzeiro
De esperança aos deserdados
Lhes guia os passos cansados
Lhes guia os passos cansados
Com uma esmola de luz;
São párias, filhos de nus
Mendigos esfarrapados
A desgraça que os venceu
São párias, filhos de nus
Mendigos esfarrapados
A desgraça que os venceu
Fê-los, por ’scárnio profundo
Senhores de todo o mundo
Senhores de todo o mundo
Sem terem nada de seu;
Só pranto a sorte lhes deu
Só pranto a sorte lhes deu
Como herança fementida
À turba desprotegida
À turba desprotegida
Que leprosa, vil, abjecta;
Pelo infindo orbe vegeta
Sem conforto, sem guarida
Quando os vejo em caravana
Pelo infindo orbe vegeta
Sem conforto, sem guarida
Quando os vejo em caravana
Pelos caminhos distantes
Parecem os mendicantes
Parecem os mendicantes
Rebanhos de espécie humana;
E como a sorte os irmana
E como a sorte os irmana
E todos são desgraçados
São fatalmente pisados
São fatalmente pisados
Até que lhes chegue a morte;
Pois na fruteira da sorte
São frutos abandonados
Frutos do chão sem valor
Pois na fruteira da sorte
São frutos abandonados
Frutos do chão sem valor
Sorvados, ninguém aceita
É por isso que o mundo enjeita
É por isso que o mundo enjeita
Do mendigo a cruel dor;
Como pode ter sabor
Como pode ter sabor
E nos ser apetecida
A fruta que está caída
A fruta que está caída
Poeirenta, suja, mesquinha;
Flores que a gente espezinha
No grande pomar da vida
Flores que a gente espezinha
No grande pomar da vida