-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.670 LETRAS <> 3.654.000 VISITAS <> DEZEMBRO 2024 <>
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

.

Os mendigos

Mote de João da Mata / Glosa de Henrique Rego
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado


Mendigos esfarrapados
Sem conforto, sem guarida
São frutos abandonados
No grande pomar da vida

Caminhantes sem roteiro 
Exaustos, os pés em sangue
Arrastam a alma exangue 
Nas sendas do mundo inteiro;
Nem um pálido luzeiro 
De esperança aos deserdados
Lhes guia os passos cansados
Com uma esmola de luz;
São párias, filhos de nus
Mendigos esfarrapados

A desgraça que os venceu
Fê-los, por ’scárnio profundo
Senhores de todo o mundo 
Sem terem nada de seu;
Só pranto a sorte lhes deu 
Como herança fementida
À turba desprotegida
Que leprosa, vil, abjecta;
Pelo infindo orbe vegeta
Sem conforto, sem guarida

Quando os vejo em caravana
Pelos caminhos distantes
Parecem os mendicantes 
Rebanhos de espécie humana;
E como a sorte os irmana 
E todos são desgraçados
São fatalmente pisados
Até que lhes chegue a morte;
Pois na fruteira da sorte
São frutos abandonados

Frutos do chão sem valor
Sorvados, ninguém aceita
É por isso que o mundo enjeita
Do mendigo a cruel dor;
Como pode ter sabor 
E nos ser apetecida
A fruta que está caída
Poeirenta, suja, mesquinha;
Flores que a gente espezinha
No grande pomar da vida