-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As 7.580 letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.580 LETRAS <> 3.606.000 VISITAS <> NOVEMBRO 2024 <>
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

.

Vingança de rei

Letra de Henrique Rego
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado


Ante D. Pedro I
Que a história cognominou
De cruel rei português
O carrasco sobranceiro
Os corações, arrancou
Aos assassinos d’Inês


Manhã cedo, a luz bendita 
Do astro que tudo cria
Brincava pelas montanhas
E, no Paço, o rei sentia 
A espicaçar-lhe as entranhas
O vil punhal da desdita;
Ergueu-se e com os vassalos 
P’ra dar começo à vindita
Dirigiu-se pró terreiro
Mas a multidão frenética
Mal viu o rei justiceiro;
Calou-se, e os dois bandidos
Pelo sinistro carrasco 
Foram prestos conduzidos
Ante D. Pedro I

Impondo à turba respeito 
O rei hirsuto, vermelho
Aos algozes d’Inês diz
Foste tu, Pero Coelho 
E tu Gonçalves, os vis
Que assassinaram meu peito;
Pois eu vos darei o prémio 
A que devem ter direito
Bandidos de tal jaez
E notai, que o vosso crime
Eivado de hediondez
Meu coração enlutou;
Assim se exprimiu D. Pedro
Que a história cognominou 
De cruel rei português

Mandou com fundo desdém
Os corações arrancar 
Um p’lo peito, outro p’las costas
O sol deixou de brilhar
Escondeu-se nas encostas 
Dos montes de Santarém;
Depois o rei, como fera
Desvairada, quis também
Que seu bobo chocarreiro
Dissesse que os corações
Eram p’ra o rei altaneiro;
A vingativa pertença
Enquanto mudo, indif’rente
Executava a sentença
O carrasco sobranceiro

Já nos Paços se encontrava 
O rei ébrio p’la cruel
E sanguinária procela
E o seu pájem fiel 
Numa lavrada escudela
Os corações, lhe mostrava;
Mordeu-os com raiva enorme 
E nessa raiva ostentava
Tão feroz embriaguez
Que eu julgo, concretamente
Que menor crime não fez
Quando a vindita alcançou;
Esse rei que, sanguinário
Os corações, arrancou
Aos assassinos d’Inês