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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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Os belos tempo d’outrora

Fernando Teles / Popular *fado corrido serrano*
Repertório de Maria Albertina

Letra extraída do livro *Poetas do Fado Tradicional* de
Daniel Gouveia e Francisco Mendes

Os belos tempos d'outrora
São relíquias do passado
Dois impagáveis tesoiros
A guitarra mais o fado


Era na Lisboa antiga 
Quinta-Feira d'Ascensão
Dia de consagração 
Porque era dia de espiga
Com farnéis e sem fadiga 
Assim que raiava a aurora
Toda a gente, campos fora 
Procurava a sombra amena
Ai que saudades, que pena
Dos belos tempos d'outrora

As noites tradicionais 
De todos os nossos santos
Eram motivos de tantos 
Ranchos, bailes, festivais
Os círios e os arraiais 
Rabicha, senhor roubado
Atalaia, sol doirado 
Como tudo isso era lindo
Estas coisas, tempo findo
São relíquias do passado

E nas vésperas de toirada 
Nos retiros, que alegria
Até a nobreza se via 
Pelas mesas abancada
Cantava-se à desgarrada 
Até à vinda dos toiros
Cobriram-se assim de loiros 
Entre a fadistagem vária
A Severa e a Cesária
Dois impagáveis tesoiros

Fidalgos, boémios, artistas 
E toureiros elegantes
Tinham por suas amantes
As cantadeiras bairristas
Nesse tempo de fadistas 
E do Colete Encarnado,
Só nos resta por sagrado 
Penhor bem nacional
Dois filhos de Portugal
A guitarra mais o fado