Mário de Sá Carneiro / Fernando Tordo
Repertório de Carlos do Carmo
Ao ver escoar-se a vida, humanamente
Em suas águas certas, eu hesito
E detenho-me ás vezes na torrente
Das coisas geniais em que medito
Afronta-me um destino de fugir
Ao mistério que é meu e me seduz
Mas logo me triunfo, a sua luz
Não há muitos que a saibam refletir
A minha alma nostálgica de além
Cheia de orgulho, ensombra-se entretanto
Aos meus olhos ungidos sobre um pranto
Que tenho á força de sumir também
Porque eu reajo, a vida, a natureza
Que são para o artista? coisa alguma
O que devemos é saltar a bruma
Correr no azul á busca da beleza