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Já morreu a Mariquinhas

Lopes Víctor / Popular *fado mouraria*
Repertório de Deolinda Maria
Editado em livro com o título*O testamento da Mariquinhas*
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*


A Mariquinhas prós céus
Partiu sem as tamanquinhas
Deixou a guitarra a Deus
E à Moirama as tabuinhas


Caiu chuva, fortemente 
Num beco da Mouraria
Donde o sol, por ironia 
Também quis estar ausente
Nos lábios de tanta gente 
Crente e mesmo dos ateus
Encomendaram a Deus 
A alma da pecadora
E lá foi, naquela hora
A Mariquinhas prós céus

Fazer milagre, quis Deus 
Em trazer ao funeral
Um escol fenomenal 
D’alguns nobres e plebeus
O Conde, o Roque, o Mateus 
O Custódia e o Ginguinhas
Choraram a Mariquinhas  
Essa figura lendária
Que à procura da Cesária
Partiu sem as tamanquinhas

E a Cigarra cantadeira 
Não fará mais que gorjeios
Gorjeando os seu anseios 
Num fado à sua maneira
Na Rua da Amendoeira 
Andam já os fariseus
A pregar, feitos judeus 
Com fingido sentimento
Que ela no testamento
Deixou a guitarra a Deus

No cofre já tão falado 
Ficaram as rendas finas
Muitos laços, as cortinas 
Um lençol todo bordado
E tudo foi averbado 
P’ra deixar a umas velhinhas
No fado velhas rainhas 
Que lá viram exarado
Eu deixo o meu xaile ao fado
E à Moirama as tabuinhas