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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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Fado tropical

Ruy Guerra / Chico Buarque
Repertório de Carlos Zel

Ó musa do meu fado
Ó minha mãe gentil
Te deixo consternado 
No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata 
Se perdeu e se encontrou

Ai esta terra ainda 
Vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se 
Um imenso Portugal

Declamada:
Sabes!... 
No fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos do sangue lusitano 
uma boa dose de lírismo... 
além da síflis *é claro*

Mesmo quando as minhas mãos 
estão ocupadas etorturar, esganar, trucidar
meu coração fecha os olhos e, sinceramente, chora

Com avencas na catinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical

E a linda mulata 
Com rendas do Alentejo
De quem numa bravata 
Arrebata um beijo

Ai esta terra ainda 
Vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se 
Um imenso Portugal

Declamada:
Meu coração tem um sereno jeito 
E as minhas mãos o golpe duro e preste
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me conteste

Se trago as mãos distantes do meu peito 
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito 
Assombra-me a súbita impressão de incesto

Quando me encontro no calor da luta 
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas o meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta;
Mais depressa a mão cega executa
Pois que senão, o coração perdoa


Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o Rio Amazonas
Que corre em Trás-os-Montes
E numa pororóca desagua no Tejo

Ai esta terra ainda 
Vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se 
Um império colonial