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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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7090 LETRAS <> 3.082.000 VISITAS em FEVEREIRO 2024

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O fado mora em Lisboa

Aníbal Nazaré / João Vasconcelos
Repertório de Mariema
Criação de Mariema na revista *Sopa de mel*
Teatro Maria Vitória 1965
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*


Passeia p'lo mundo inteiro 
Por gostar da vida boa
Mas não mora no estrangeiro 
O fado mora em Lisboa

Já morou na Mouraria 
Mas depois, num sobressalto
Traçou da mudança e um dia 
Foi pró Bairro Alto

O fadinho mora sempre por castigo
Num bairro antigo
Num bairro antigo
E a seu lado p
'ra falarem à vontade
Mora a saudade
Mora a saudade
Quase em frente n
uma casa de pobreza
Vive a tristeza
Vive a tristeza
Tem corrido os velhos bairros s
empre à toa
Mas mora em Lisboa
Mas mora em Lisboa

Quando vai cantar lá fora 
Tem uma ideia bizarra
Leva o estribilho que chora 
Na voz triste da guitarra

Canta lá dias a fio 
Mas depois, numa ansiedade
Volta sempre num navio 
Chamado saudade

Este fado-canção figura entre os mais emblemáticos da revista «à portuguesa». 
Estão aqui concentrados todos os ingredientes com que se fabricam os êxitos
desde a estrutura das voltas em duas quadras com o último verso de métrica 
diferente a introduzir alguma surpresa –, às repetições do refrão 
sabiamente «orelhudas». 
A conclusão algo fraca de que «o fado mora em Lisboa», do remate do refrão 
não apaga a força de verdadeiros achados, como o de o fado e a saudade 
morarem lado a lado «p’ra falarem à vontade», e terem por vizinha da frente 
a tristeza obviamente habitando uma casa pobre.