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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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* 7.285' LETRAS <> 3.120.500 VISITAS * MARÇO 2024 *

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Nunca durmo

Mote de Carlos Conde / Glosa de Francisco Radamanto
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível

Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*


Não sei onde te entreténs
Que só vens de madrugada
Não durmo enquanto não vens
Tu chegas, não durmo nada


Vê lá: carinhosamente 
Ponho o jantarinho ao lume
E o meu jantar é ciúme 
Porque à hora, estás ausente
Ó meu querido, francamente
Muda o costume que tens
Vê que os meus mais ricos bens 
São teu carinho e amor
Estou sempre em ânsias, traidor
Não sei onde te entreténs

Espero, acendo o candeeiro 
Todas as noites é isto
É um vício, pelo visto 
Que te ficou de solteiro
Tem juízo, cavalheiro 
Pois já me sinto cansado
Trago a alma revoltada 
Sem conseguir compreender
Que andarás tu a fazer
Que só vens de madrugada

Às vezes, noites de Inverno 
A chuva a cair a fio
E eu toda a tremer de frio 
Sem teu calor meigo e terno
A vida assim é um inferno 
Não mereço parabéns
És vadio como os cães 
Que passam a noite fora
Desliza o tempo, hora a hora
Não durmo enquanto não vens

Mas… metes a chave à porta 
E entras, pé ante pé
Eu sinto, e por minha fé 
Já nada, nada me importa
Dás-me um beijo… fica morta 
Toda a raiva concentrada
Que eu sentia e, dedicada 
Prendo-me bem nos teus braços
Mas, vê lá meus embaraços
Tu chegas, não durmo nada