Repertório do autor
Sinto a pedra no sapato
Dor aguda a atormentar-me o mindinho
Vou a pisar ovos devagar
Devagar, devagarinho
Tento usar do otimismo
Como bengala que me ajuda a caminhar
Sou geração rasca
Sem mesada sempre à rasca
Verdes anos a amarelar
Burocracia, azia, desanima, espia
De olho gordo felina a caçar
É caça ao velho e à classe jovem dos quarenta
A malta toda a asfixiar
E eu na fila de hospital tão pouco hospitaleiro
A morrer de tédio e falta de ar
O que me salva é que na TV
Passa o preço incerto que eu tento adivinhar
Insegurança social
Ladra a fingir-se Madre Teresa
Diz que dá não dá, que vai não vai
Rata por baixo da mesa
Cá vou indo de mãos nos bolsos
É que hoje em dia os carteiristas são legais
Digo obrigado, volte sempre fique atento
Mão aberta p’ró mês que vem há mais
Tragam-me a bomba de asma
Estou de trombas
Saca aí do mapa vamo-nos pirar
Tenho articulações duras e perras
Já me dói o rabo estou farto de apanhar
Tragam-me o livro de reclamações
Que ando já sem voz de andar-me a lamentar
Tragam-me um saco de água quente
Para pôr na mona
Tenho a cabeça a estoirar
Tenho a cabeça a estoirar