Autor: Silva Tavares
Do livro Vá de Roda / 1938
Versos transcritos do livro editado pela
Academia da Guitarra e do Fado
Não há mês como o de Junho
Nem português que o reprove!
Haja em vista os dias treze
Vinte e quatro e vinte e nove
Não sei de coisa mais nossa
Nem de mancha mais singela
Que um vaso de manjerico
Posto ao relento, à janela
Comprei um cravo vermelho
Para dar ao meu amor
Ela prendeu-o na boca
E o cravo mudou de cor
Tem a quadra quatro versos
Dos quais rima sempre algum
Tu tens quatro namorados
E não rimas com nenhum
Comprei hoje a minha sina
Num papelinho de cor
Deu heranças, deu viagens
Deu tudo… menos amor
De tanto andar, horas mortas
A rondar a casa tua
Rompi as solas das botas
Gastei as pedras da rua
Cravo branco diz pureza
Cravo rubro, tentação
Tu tens um salpicadinho
Que não diz nem sim nem não
Não me digam que é de Pádua
Santo António de Lisboa
Sou português e há mentiras
Que um português não perdoa
Já tinha subido ao céu
Nem que fosse de balão
Se soubesse que São Pedro
Me abria o teu coração
Que sabem as alcachofras
Do que vai nos corações?
Menina, não queime a sua
Que vai queimar ilusões
Para castigar a moça
Que se ri da minha dor
Já pedi a Santo António
Mais um milagre de amor
Quem me dera ser o cravo
Que há pouco vi no teu peito
Já que lhe dás mais valia
Do que ao meu amor-perfeito
Fui à Praça da Figueira
Achei os portões fechados
Encontrei-te mais adiante
Dei os passos por bem dados
Diz o sol: Gosto da terra
Diz a terra: Adoro o mar
Diz o mar: Gosto das moças
Quando elas se vão banhar
São João dos bem-casados
Eu prometo-te uma vela
Caso faças o milagre
De vir a casar com ela
Fui à fonte à meia-noite
Disposto a lançar-te a rede
Vai-se a ver, bebi tão pouco
Que vim de lá com mais sede
O cravo que tu me deste
O tempo comeu-lhe a cor
Tão fixe como o teu cravo
Só conheço o teu amor
Eu gosto, quando te falo
Que ninguém ouça o que eu digo
Não porque diga segredos
Mas porque falo contigo
Vi-te pelo Santo António
Casámos no São João
Só me falta no São Pedro
Já ser pai de um rapagão
Lá cai um balão a arder
Lá sobem mais a granel
São como os sonhos da gente
Estes balões de papel
Olha por nós, Santo António
Que a tua fé sem rival
Ilumine, agora e sempre
O povo de Portugal
Não há mês como o de Junho
Nem português que o reprove!
Haja em vista os dias treze
Vinte e quatro e vinte e nove
Não sei de coisa mais nossa
Nem de mancha mais singela
Que um vaso de manjerico
Posto ao relento, à janela
Comprei um cravo vermelho
Para dar ao meu amor
Ela prendeu-o na boca
E o cravo mudou de cor
Tem a quadra quatro versos
Dos quais rima sempre algum
Tu tens quatro namorados
E não rimas com nenhum
Comprei hoje a minha sina
Num papelinho de cor
Deu heranças, deu viagens
Deu tudo… menos amor
De tanto andar, horas mortas
A rondar a casa tua
Rompi as solas das botas
Gastei as pedras da rua
Cravo branco diz pureza
Cravo rubro, tentação
Tu tens um salpicadinho
Que não diz nem sim nem não
Não me digam que é de Pádua
Santo António de Lisboa
Sou português e há mentiras
Que um português não perdoa
Já tinha subido ao céu
Nem que fosse de balão
Se soubesse que São Pedro
Me abria o teu coração
Que sabem as alcachofras
Do que vai nos corações?
Menina, não queime a sua
Que vai queimar ilusões
Para castigar a moça
Que se ri da minha dor
Já pedi a Santo António
Mais um milagre de amor
Quem me dera ser o cravo
Que há pouco vi no teu peito
Já que lhe dás mais valia
Do que ao meu amor-perfeito
Fui à Praça da Figueira
Achei os portões fechados
Encontrei-te mais adiante
Dei os passos por bem dados
Diz o sol: Gosto da terra
Diz a terra: Adoro o mar
Diz o mar: Gosto das moças
Quando elas se vão banhar
São João dos bem-casados
Eu prometo-te uma vela
Caso faças o milagre
De vir a casar com ela
Fui à fonte à meia-noite
Disposto a lançar-te a rede
Vai-se a ver, bebi tão pouco
Que vim de lá com mais sede
O cravo que tu me deste
O tempo comeu-lhe a cor
Tão fixe como o teu cravo
Só conheço o teu amor
Eu gosto, quando te falo
Que ninguém ouça o que eu digo
Não porque diga segredos
Mas porque falo contigo
Vi-te pelo Santo António
Casámos no São João
Só me falta no São Pedro
Já ser pai de um rapagão
Lá cai um balão a arder
Lá sobem mais a granel
São como os sonhos da gente
Estes balões de papel
Olha por nós, Santo António
Que a tua fé sem rival
Ilumine, agora e sempre
O povo de Portugal