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As 7.535 letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
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Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.535 LETRAS <> 3.530.000 VISITAS <> OUTUBRO 2024 <>
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Quadras

*Para os cravos de papel*
Autor: Silva Tavares
Do livro Vá de Roda / 1938
Versos transcritos do livro editado pela 
Academia da Guitarra e do Fado

Não há mês como o de Junho
Nem português que o reprove!
Haja em vista os dias treze
Vinte e quatro e vinte e nove

Não sei de coisa mais nossa
Nem de mancha mais singela
Que um vaso de manjerico
Posto ao relento, à janela

Comprei um cravo vermelho
Para dar ao meu amor
Ela prendeu-o na boca
E o cravo mudou de cor

Tem a quadra quatro versos
Dos quais rima sempre algum
Tu tens quatro namorados
E não rimas com nenhum

Comprei hoje a minha sina
Num papelinho de cor
Deu heranças, deu viagens
Deu tudo… menos amor

De tanto andar, horas mortas
A rondar a casa tua
Rompi as solas das botas
Gastei as pedras da rua

Cravo branco diz pureza
Cravo rubro, tentação
Tu tens um salpicadinho
Que não diz nem sim nem não

Não me digam que é de Pádua
Santo António de Lisboa
Sou português e há mentiras
Que um português não perdoa

Já tinha subido ao céu
Nem que fosse de balão
Se soubesse que São Pedro
Me abria o teu coração

Que sabem as alcachofras
Do que vai nos corações?
Menina, não queime a sua
Que vai queimar ilusões

Para castigar a moça
Que se ri da minha dor
Já pedi a Santo António
Mais um milagre de amor

Quem me dera ser o cravo
Que há pouco vi no teu peito
Já que lhe dás mais valia
Do que ao meu amor-perfeito

Fui à Praça da Figueira
Achei os portões fechados
Encontrei-te mais adiante
Dei os passos por bem dados

Diz o sol: Gosto da terra
Diz a terra: Adoro o mar
Diz o mar: Gosto das moças
Quando elas se vão banhar

São João dos bem-casados
Eu prometo-te uma vela
Caso faças o milagre
De vir a casar com ela

Fui à fonte à meia-noite
Disposto a lançar-te a rede
Vai-se a ver, bebi tão pouco
Que vim de lá com mais sede

O cravo que tu me deste
O tempo comeu-lhe a cor
Tão fixe como o teu cravo
Só conheço o teu amor

Eu gosto, quando te falo
Que ninguém ouça o que eu digo
Não porque diga segredos
Mas porque falo contigo

Vi-te pelo Santo António
Casámos no São João
Só me falta no São Pedro
Já ser pai de um rapagão

Lá cai um balão a arder
Lá sobem mais a granel
São como os sonhos da gente
Estes balões de papel

Olha por nós, Santo António
Que a tua fé sem rival
Ilumine, agora e sempre
O povo de Portugal