Repertório
de Mafalda Arnauth
Partiu
de madrugada
O melro e o galo a par cantavam já
Levava a roupa, era tão pouca
O resto deixou cá
O melro e o galo a par cantavam já
Levava a roupa, era tão pouca
O resto deixou cá
Com um bilhete onde se lia:
Amor, o beijo que aqui deixo
É do tamanho da saudade
É do tamanho da saudade
E da vontade de voltar
Passou uma semana
Um mês, não tarda, faz um ano já
E até agora dele
E até agora dele
Nem notícia boa ou má
Só esta dor que esmaga o peito
Não há direito, que má sorte
Traição é, se não foi morte
A impedi-lo de voltar
Ar, falta-me o ar
Nem de janela aberta ele quer
entrar
Falta-me o ar
Falta-me o ar
Um dia mais e nem carteiro vi
passar
Rasguei com toda a raiva
As cartas dele, como foi capaz?
Veria
o príncipe num homem
De tal modo atroz?
Forcei-me a esquecer o seu nome
E no horóscopo passava à frente
E no horóscopo passava à frente
Sempre
que leão surgia numa previsão
Mas
Deus, que certo escreve
Mesmo que por linhas tortas, viu
Mesmo que por linhas tortas, viu
Ao
que parece o meu lamento
E eis que um dia o vi
A par do galo em alarido
Surgir meu homem
A par do galo em alarido
Surgir meu homem
Que
trazia um anel e a intenção de ser
P’ra sempre meu marido
Ar,
falta-me o ar
Nem de janela aberta ele quer entrar
Ar, falta-me o ar
Tanta andorinha na janela a poisar
Nem de janela aberta ele quer entrar
Ar, falta-me o ar
Tanta andorinha na janela a poisar