Eugénio Pepe / Aníbal Nazaré
Repertório de José da Câmara
Naquela tasca afamada
Depois de ouvir fado a esmo
Sempre na mesma toada
E onde o motivo era o mesmo
Ouvi alguém que pedia
Como quem pede ao balcão
Mas com certa galhardia
E carradas de razão
Por favor, tragam-me um fado
Que não fale das esperas
Que não viva do passado
Nem à sombra das Severas
Não fale nas tascas mais rascas que havia
Nos becos de Alfama e da Mouraria
Não lembre toureiros, campinos, forcados
Se trazem só disso, não quero mais fados
Ouviu-se uma desgarrada
Coisa que é pouco fadista
Tudo a falar em bairrista
Um fado triste e mais nada
E ao recordar a cantiga
Que ao fado tudo se canta
Pedi à maneira antiga
Sem trinados na garganta