-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

. . .

7090 LETRAS <> 3.082.000 VISITAS em FEVEREIRO 2024

. . .

Obreiros da mandriice

Letra de Henrique Rego
Desconheço se esta letra foi gravada
Publico-a na esperança de obter informação credível

Transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado


Depois de muitos anos aplicados
Ao labor, que é dos pobres a divisa
Fui repousar os ossos já cansados
Nos braços indolentes da preguiça

Senti-lhe arfar o desmedido peito
Tremer-lhe as pernas, respirar a custo
Por isso, perguntei-lhe, contrafeito
Se o meu cansaço lhe metia susto

Olhou para mim franzindo as sobrancelhas
E respondeu-me com desembaraço;
Já mantenho amizades muito velhas
Com aqueles que sofrem de cansaço

Eu sei que os paladinos do trabalho
Talvez na percentagem de um por cento
Dizem, abertamente, que não valho
Um átomo de pó lançado ao vento

Não repara essa gente injusta e louca
Que por castigo ou sorte negregada
Não como nada sem abrir a boca
Sem dar aos dentes não mastigo nada

Tenho que os olhos fatalmente abrir
P’ra desviar-me deste vale de abrolhos
E quando extenuada vou dormir
Tenho o trabalho de fechar os olhos

Àqueles que me querem infamar
Pergunto-lhes, em voz potente e forte:
Se o comer, o dormir, o passear
Não é trabalho que nos leva à morte?!

Desde então eu lastimo os desgraçados
Que levam seus atarefados dias
Postados nos passeios e encostados
Às portas dos cafés e leitarias