Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Passei pela Mouraria
E cada pedra que eu vi
Deu-me a impressão que dizia
O Fado nasceu aqui!
As trapeiras, os beirais
As varandas, os portais
Cada degrau que eu subi
Pareciam dizer em coro
Quase em prece, quase em choro
O Fado nasceu aqui!
Foi seu berço o Capelão
Teve por mãe a Severa
Uma cigana que era
Toda alma e coração
Aqui ensaiou seus passos
Foi aqui que homem se fez
E aqui p’la primeira vez
À guitarra deu abraços
Fez-se boémio e vadio
Transformou a noite em dia
E num louco desvario
Abalou da Mouraria
Secaram as sardinheiras
E nos vasos das trapeiras
Nem mais um cravo cresceu
Só p’los becos da Moirama
Ronda a saudade que chama
P’lo Fado que ali nasceu