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Balada para uma velhinha

Ary dos Santos / Martinho d'Assunção
Repertório de Carlos do Carmo

Num banco de jardim, uma velhinha
Está tão só com a sombrinha 
Que é o seu pano de fundo
Num banco de jardim 
Uma velhinha está sózinha
Não há coisa mais triste neste mundo
E apenas faz ternura
Não faz pena, não faz dó
Pois tem no rosto um resto de frescura


Já coseu alpergatas 
E bandeiras verdadeiras
Amargou a pobreza até ao fundo
Dos ossos fez as mesas 
E as cadeiras, as maneiras
Que a fazem estar sentada 
Sobre o mundo
Neste jardim, é ela 
A trepadeira das canseiras
Das rugas onde o tempo é mais profundo

Num banco de jardim, uma velhinha
Nunca mais estará sózinha
O futuro está com ela
E abrindo ao sol o negro 
Da sombrinha puídinha
O sol vem namorá-la da janela
Se essa velhinha fosse 
A mãe que quero, a mãe que eu tinha
Não havia no mundo outra mais bela

Num banco de jardim uma velhinha
Faz desenhos nas pedrinhas
Que afinal são como eu
Sabe que as dores que tem 
Também são minhas, são moinhas 
Do filho a desbravar que Deus lhe deu
E em volta do seu manto
Os malmequeres e as andorinhas
Provam que a minha mãe nunca morreu