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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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Conta errada

João Nobre / José Galhardo
Repertório de Amália

Aprendi a fazer contas
Na escola, de tenra idade
Foi mais tarde, ainda às tontas

Que fiz contas com alguém
Eu e tu naquela ermida 
Somamos felicidade

Mas um dia fui seguida 
De traições que tem a vida
De horas más que a vida tem
Tinha um homem, fui tentada

Somei outro, conta errada
Fiz a prova e não fiz bem

Um e um são dois 
É o céu talvez
Vem mais um depois 
Dois e um são três
Do total tirei, a lição final
Somar bem, somei 
Mas no amor errei
Fiz as contas mal

A traição, mesmo aos traidores 
Faz contas e contas certas
Multiplica as nossas dores

E divide uma afeição
Nesta altura, tu comigo 
Tens contas ainda abertas

Só te peço que ao castigo 
Diminuas o que eu digo
Nesta negra confissão
Duma falsa que é sincera

Que te espera, mas não espera
Contar mais com o teu perdão

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Dois mistérios rodeiam esta letra:

Primeiro, o texto acima transcrito é o que consta do registo de obra na Sociedade Portuguesa de Autores. Porém, Amália Rodrigues e todas as fadistas que interpretam este fado não cantam a primeira estrofe tal como está registada, mas desta forma: 

Aprendi a fazer contas 
Na escola, de tenra idade
Foi mais tarde, ainda às tontas, 
Que fiz contas com alguém
Eu e tu, naquela ermida 
Somámos felicidade

Mas um dia fui seguida 
Que traições que tem a vida
Que horas más que a vida tem
Tinha um homem, fui tentada 
Somei-lhe outro, conta errada
Fiz a prova, não fiz bem


O segundo mistério é a declaração de registo conter ainda uma última estrofe à qual, pela estrutura, faltam os quatro versos iniciais, supondo-se a intenção de serem substituídos por um solo instrumental. 
Contudo, os oito versos restantes seguem de muito perto o conteúdo dos últimos oito versos da estrofe hoje cantada como remate. Seria uma alternativa para escolha posterior do autor? 
Ou seria para a intérprete decidir qual a do seu maior agrado?
E quem terá modificado os versos que, hoje em dia, são cantados no início, não constando da declaração de registo de obra?