Repertório de Amália
Aprendi a fazer contas
Na escola, de tenra idade
Foi mais tarde, ainda às tontas
Que fiz contas com alguém
Eu e tu naquela ermida
Somamos felicidade
Mas um dia fui seguida
De traições que tem a vida
De horas más que a vida tem
Tinha um homem, fui tentada
Somei outro, conta errada
Fiz a prova e não fiz bem
Um e um são dois
É o céu talvez
Vem mais um depois
Vem mais um depois
Dois e um são três
Do total tirei, a lição final
Somar bem, somei
Do total tirei, a lição final
Somar bem, somei
Mas no amor errei
Fiz as contas mal
A traição, mesmo aos traidores
Faz contas e contas certas
Multiplica as nossas dores
E divide uma afeição
Nesta altura, tu comigo
Tens contas ainda abertas
Só te peço que ao castigo
Diminuas o que eu digo
Nesta negra confissão
Duma falsa que é sincera
Que te espera, mas não espera
Contar mais com o teu perdão
- - -
Dois mistérios rodeiam esta letra:
Fiz as contas mal
A traição, mesmo aos traidores
Faz contas e contas certas
Multiplica as nossas dores
E divide uma afeição
Nesta altura, tu comigo
Tens contas ainda abertas
Só te peço que ao castigo
Diminuas o que eu digo
Nesta negra confissão
Duma falsa que é sincera
Que te espera, mas não espera
Contar mais com o teu perdão
- - -
Dois mistérios rodeiam esta letra:
Primeiro, o texto acima transcrito é o que consta do registo de obra na Sociedade Portuguesa de Autores. Porém, Amália Rodrigues e todas as fadistas que interpretam este fado não cantam a primeira estrofe tal como está registada, mas desta forma:
Aprendi a fazer contas
Aprendi a fazer contas
Na escola, de tenra idade
Foi mais tarde, ainda às tontas,
Foi mais tarde, ainda às tontas,
Que fiz contas com alguém
Eu e tu, naquela ermida
Somámos felicidade
Mas um dia fui seguida
Que traições que tem a vida
Que horas más que a vida tem
Tinha um homem, fui tentada
Que horas más que a vida tem
Tinha um homem, fui tentada
Somei-lhe outro, conta errada
Fiz a prova, não fiz bem
O segundo mistério é a declaração de registo conter ainda uma última estrofe à qual, pela estrutura, faltam os quatro versos iniciais, supondo-se a intenção de serem substituídos por um solo instrumental.
Fiz a prova, não fiz bem
O segundo mistério é a declaração de registo conter ainda uma última estrofe à qual, pela estrutura, faltam os quatro versos iniciais, supondo-se a intenção de serem substituídos por um solo instrumental.
Contudo, os oito versos restantes seguem de muito perto o conteúdo dos últimos oito versos da estrofe hoje cantada como remate. Seria uma alternativa para escolha posterior do autor?
Ou seria para a intérprete decidir qual a do seu maior agrado?
E quem terá modificado os versos que, hoje em dia, são cantados no início, não constando da declaração de registo de obra?
E quem terá modificado os versos que, hoje em dia, são cantados no início, não constando da declaração de registo de obra?