Versão de Mário Martins
Repertório de José da Câmara
Hoje, os sorrisos da cidade trazem sol ao meu olhar
São as notas deste fado no meu tempo de o cantar
Há a história que se conta dum povo à beira do mar
E dum sonho muito antigo e de vozes para o cantar;
Vozes fortes de muralha, vozes molhadas de pranto
E vozes de praça forte p’ra defender nosso canto
Vozes que tinham na voz mistérios a desvendar
E do tributo que nós tão longe fomos pagar
Tantas vezes, tantas vezes a conceder-nos foral
Por fabuelas proezas das gentes de Portugal;
Vozes claras, transparentes como cristais de firmeza
Vozes gostosas do pão que come connosco à mesa
Vozes de tanta ternura e tamanha dimensão
Com a medida do mundo em dois palmos de canção
São as vozes de além Tejo, são as vozes de além dôr
No coral da Epopeia que dobrou o Bojador;
São vozes de coro grego vestido à moda do Minho
Vozes de nau viajeira que tem garganta de pinho
Tantas vezes, tantas vezes, de grandeza universal
Deste sonho desmedido dum país no plural