Repertório de Carlos Barra
Passou todo o ano sózinha na terra
A mãe da família que se dispersou
Um foi para França, o outro prá guerra
E a filha casada também a deixou
Seus ossos dobrados p’la força do tempo
São o movimento do amor feito vida
E à noite na serra, já perto ao Natal
Ela deita ao ar um grito à família
É como se o planeta estremecesse
No grito dessa mãe abandonada
Quando o amor dá tudo na semente
É triste a condição do *não tens nada*
Um foi para França, o outro prá guerra
E a filha casada também a deixou
Seus ossos dobrados p’la força do tempo
São o movimento do amor feito vida
E à noite na serra, já perto ao Natal
Ela deita ao ar um grito à família
É como se o planeta estremecesse
No grito dessa mãe abandonada
Quando o amor dá tudo na semente
É triste a condição do *não tens nada*
Regressa molhadinha da chuvada
Ao casebre-solidão onde há tristeza
E o amor que gerou p’la vida fora
É porta que fechou àquela hora
Outro ano se foi e a mãe já velhinha
Lembra o seu primeiro e os outros também
Lembra o alvoroço da vida que tinha
E lembra a menina que há tempos foi mãe
P’ra ela o castigo do amor que gerou
Foi ter sido mãe no mundo de agora
E à noite na serra, sózinha gritou
Um grito à família por quem tanto chora