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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
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Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.760 LETRAS <> 3.932.000 VISITAS <> MAIO DE 2025
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Ode às canções tristes

Carlos Baleia / Arménio de Melo
Repertório de Jorge Batista da Silva


Não sei se era jazz ou fado o que se ouvia
Nos sons que chegavam das noites friorentas
E se viriam da Bronx, Queens ou Mouraria
Em desassossegos de alma, tão pungentes

Não vi em redor latões com fogo ardendo
Consolando na noite a gente enregelada
Nem sombras que se fossem escondendo
Tão só vozes de fado ou jazz, a vir do nada

Porque cantam de tristeza os infelizes
Transformando fealdade em coisa linda
Pondo na sua dor doces matizes
E dando à alma uma ternura infinda?

Um som de jazz, em revolta, sufocado
Com notas de sofrimento ou ilusão
Vem irmanar-se a um estilar de fado
Em ladainhas da sua condição

Nítido, chega o fado/jazz de algodão
Do escravo, marinheiro, carregador
Cujas vozes de perto conhecem a paixão
E nela cantam seus segredos de amor

Mistérios musicais na noite desvendados
Solitárias dores de uma humanidade
Em nostálgicas notas, acordes magoados
Assim servidos numa taça de saudade