Repertório
de Amália
Descalça
venho dos confins da infância
E
a minha infância ainda não morreu
Atrás
de mim em face ‘inda distante
Menino
Deus, Jesus da minha infância;
Tudo
o que tenho e nada tenho… é teu
Venho
da estranha noite dos poetas
Noite
em que o mundo nunca me entendeu
E
trago a noite vazia dos poetas
Menino
Deus, amigo dos poetas;
Tudo
o que tenho e nada tenho… é teu
Feriu-me
um dardo, ensanguentei as ruas
Onde
o demónio em vão me apareceu
Porque
as estrelas todas eram tuas
Menino
irmão dos que erram pelas ruas
Tudo
o que tenho e nada tenho… é teu
Quem
te ignorar, ignora os que são tristes
Óh
meu irmão, Jesus triste como eu
Óh
meu irmão, menino de olhos tristes
Nada
mais tenho além de uns olhos tristes;
Mas
o que tenho e nada tenho… é teu