Repertório
de Camané
Lindos
olhos tem Silvina
Lindas mãos Silvina tem
E a cintura da Silvina
E a cintura da Silvina
É fina como o azevém
Em Silvina tudo exala
Em Silvina tudo exala
Um cheiro de coisa fina
Mas o que a nada se iguala
Mas o que a nada se iguala
É a fala da Silvina
Porque não cantas Silvina
Porque não cantas Silvina
Se a tua voz é
tão doce
Talvez cantada que fosse
Mais doce que a
glicerina;
Não me apetece
cantar
E muito menos p’ra
ti
Eu sou nova, tu és velho
Já não és homem
p’ra mim
Não
me tentes Silvininha
Que eu já não te olho a direito
Sou como o ladrão escondido
Sou como o ladrão escondido
Na azinhaga do teu peito
A
azinhaga do meu peito
Corre entre duas colinas
E o ladrão do meu amor
E o ladrão do meu amor
Tem pé leve e pernas finas
Canta, canta Silvininha
Canta, canta Silvininha
Como se fosse
para mim
Dar-te-ei um lençol de estrelas
E uma enxerga de alecrim;
Deixa o teu corpo estendido
À terra que o há-de comer
A tua cama é de pinho
Teus lençóis de entristecer
Canta,
canta Silvininha
Uma canção só p’ra mim
Dar-te-ei um escorpião de oiro
Dar-te-ei um escorpião de oiro
E um aguilhão de marfim
Não
quero o teu escorpião
Nem de oiro nem de prata
Quero o meu amor trigueiro
Quero o meu amor trigueiro
Que é firme e não se desata
Pois não cantes Silvininha
Pois não cantes Silvininha
Se é essa a
tua vontade
Canto eu mesmo assim velho
Que o cantar não tem idade;
Hás-de tu ser morta e fria
Sem anos se passarão
Já de ti ninguém se lembra
Nem de quem te pôs a mão;
Mas sempre há-de haver quem canta
Os versos desta canção
Ai Silvina, ai Silvininha
Ai Silvina, ai Silvininha
Amor do meu coração