Carlos Baleia / Arménio de Melo
Repertório de Jorge Batista da Silva
É uma Lisboa de cores a que se ama
Nos pátios escondidos, ruas ou vielas
Entre telhados que nela descem desde Alfama
E águas do Tejo, onde moraram caravelas;
Azuis de céu e rio em claro contraluz
Tons de ocres, rosa e verdes esbatidos
Qual caleidoscópio que dança, que seduz
E que se infiltra docemente nos sentidos
Quantas histórias de ti, não tenho eu guardadas
De quantas outras nem sequer suspeitarei
E se as tuas cores estão ao mundo escancaradas
Mistérios em ti há, que nunca saberei:
Segredos tantos que o tempo acumulou
Em que amores e traições se foram calcinando
Num caldo de encanto que sempre se apurou
Em tonalidades que o tempo foi dourando
Lisboa, mal de amores, uma terna saudade
Uma aventura em descoberta permanente
Um discurso com sabor a eternidade
Numa mistura de culturas que se sente;
No abraço que se dá ao tudo que a rodeia
Assim se saboreia o muito que não vemos
Uma cidade que invade a nossa ideia
Colorida paixão de um Fado que nós temos