Do livro Vá de Roda / 1938
Versos transcritos do livro editado pela
Academia da Guitarra e do Fado
Vá de roda, raparigas
Que entrou na roda mais um
E quem não vai com cantigas
Não vai de modo nenhum
Há-de sempre haver canções
E quadras de bem querer
Enquanto houver corações
Dentro do peito a bater
Não conheço um cantador
Que se atreva a dar um pio
Quando canta o meu amor
Cantigas ao desafio
Com tua boca vermelha
Minha boca encontrou-se
’Inda há-de nascer a abelha
Que fabrique mel mais doce!
Deixa lá falar quem fala
Deixa lá dizer quem diz
Quem por amor não se rala
Anda a fingir que é feliz
Dos calados não me fio
Tenho sempre no sentido
Que onde vai mais fundo o rio
É que faz menos ruído
Se eu soubesse o que sei hoje
Nesse dia em que te vi
Seria sombra que foge
Em vez de sombra de ti
Eu amo quem me não crê
Por isso sei lamentar
A cegueira de quem vê
E não quer acreditar
Queira Deus nunca te oprima
Dor igual à que padeço
Negar-te consolo e estima
Quem tenhas em mais apreço
Em amor julguei ser forte
Mas vi-te e vi que o não era
O amor é como a morte
Vem quando menos se espera
Tenhamos ambos valor
Que importa a nuvem que passa?
O céu sem nuvens, amor
Perde metade da graça
Nada no amor se prevê
As coisas vão-se passando
Nunca sabemos porquê
Nem de que modo, nem quando
Serás feia… eu acredito
Mas causas-me tanto enleio
És como um cato bonito
Que é bonito porque é feio
Se hoje o amor te conforta
Guarda-o bem. Toma cautela
Que ele, às vezes, entra a porta
E foge pela janela
Já nem sei, pobre de mim
Se hei-de dar-te o meu perdão
O coração diz que sim
A cabeça diz que não
Por quem será a tristeza
Que a torna ainda mais bela?
Por mim, não é com certeza
Por quem, sabe-o Deus mais ela
Vá lá a gente entender
As manhas do coração
Ando a fugir de te ver
E não fujo à tentação
Já com a fé quase morta
Vi nos teus olhos a cura
Fui bater à tua porta
Deste-me o pão da amargura
Contigo, amor, não acerto
Eu, para ler com agrado
Preciso do livro aberto
Tu és um livro fechado
Menina da boina branca
E vestido de organdi
Se lhe agrado, seja franca
Que eu também gosto de si
Sim... todo o nó se desata
Acabemos… tem de ser
Vale mais a dor que mata
Do que a dor que faz viver
Sabe Deus que pensamentos
Se ocultam num brando afago
Até o mar tem momentos
Em que mais parece um lago
Por Deus, não digas adeus
Quando sais de manhã cedo
Diz “até logo”, por Deus
Que eu, do adeus, tenho medo
Depois de meu-mais-que-tudo
Passaste a menos-que-nada
Mas eu não mudei nem mudo
Tu é que foste a culpada
Vá de roda, raparigas
Que entrou na roda mais um
E quem não vai com cantigas
Não vai de modo nenhum
Há-de sempre haver canções
E quadras de bem querer
Enquanto houver corações
Dentro do peito a bater
Não conheço um cantador
Que se atreva a dar um pio
Quando canta o meu amor
Cantigas ao desafio
Com tua boca vermelha
Minha boca encontrou-se
’Inda há-de nascer a abelha
Que fabrique mel mais doce!
Deixa lá falar quem fala
Deixa lá dizer quem diz
Quem por amor não se rala
Anda a fingir que é feliz
Dos calados não me fio
Tenho sempre no sentido
Que onde vai mais fundo o rio
É que faz menos ruído
Se eu soubesse o que sei hoje
Nesse dia em que te vi
Seria sombra que foge
Em vez de sombra de ti
Eu amo quem me não crê
Por isso sei lamentar
A cegueira de quem vê
E não quer acreditar
Queira Deus nunca te oprima
Dor igual à que padeço
Negar-te consolo e estima
Quem tenhas em mais apreço
Em amor julguei ser forte
Mas vi-te e vi que o não era
O amor é como a morte
Vem quando menos se espera
Tenhamos ambos valor
Que importa a nuvem que passa?
O céu sem nuvens, amor
Perde metade da graça
Nada no amor se prevê
As coisas vão-se passando
Nunca sabemos porquê
Nem de que modo, nem quando
Serás feia… eu acredito
Mas causas-me tanto enleio
És como um cato bonito
Que é bonito porque é feio
Se hoje o amor te conforta
Guarda-o bem. Toma cautela
Que ele, às vezes, entra a porta
E foge pela janela
Já nem sei, pobre de mim
Se hei-de dar-te o meu perdão
O coração diz que sim
A cabeça diz que não
Por quem será a tristeza
Que a torna ainda mais bela?
Por mim, não é com certeza
Por quem, sabe-o Deus mais ela
Vá lá a gente entender
As manhas do coração
Ando a fugir de te ver
E não fujo à tentação
Já com a fé quase morta
Vi nos teus olhos a cura
Fui bater à tua porta
Deste-me o pão da amargura
Contigo, amor, não acerto
Eu, para ler com agrado
Preciso do livro aberto
Tu és um livro fechado
Menina da boina branca
E vestido de organdi
Se lhe agrado, seja franca
Que eu também gosto de si
Sim... todo o nó se desata
Acabemos… tem de ser
Vale mais a dor que mata
Do que a dor que faz viver
Sabe Deus que pensamentos
Se ocultam num brando afago
Até o mar tem momentos
Em que mais parece um lago
Por Deus, não digas adeus
Quando sais de manhã cedo
Diz “até logo”, por Deus
Que eu, do adeus, tenho medo
Depois de meu-mais-que-tudo
Passaste a menos-que-nada
Mas eu não mudei nem mudo
Tu é que foste a culpada
Do nosso encontro ficou-me
O desejo decidido
De acrescentar o teu nome
Dando-te o meu apelido
Por dizer que me convinhas
Desataste às gargalhadas
Atirei-te com pedrinhas
Respondeste com pedradas
Não insistas… não te canses
Passámos um lindo mês
E bem sabes que há romances
Que só se lêem uma vez