Repertório
de Camané
Foste
como quem me armasse uma emboscada
Ao sentir-me desatento
Dando aquilo em que me dei
Foste como quem me urdisse uma cilada
Vi-me com tão pouca coisa
Depois do que tanto amei
Resgatei o teu sorriso
Quatro
vezes foi preciso
Por não precisares de mim
E depois, quando dormias
Fiz
de conta que fugias
E que eu não ficava assim
Nesta dor em que me vejo
Nesta dor em que me vejo
De nos ver quase no fim
Foste como quem lançasse as armadilhas
Foste como quem lançasse as armadilhas
Que se lançam aos amantes
Quando amar foi coisa em vão
Foste como quem vestisse as mascarilhas
Dos embustes que se tramam
Ao cair da escuridão
Resgatei o teu carinho
Quatro vezes fiz o ninho
Resgatei o teu carinho
Quatro vezes fiz o ninho
Num beiral do teu jardim
E depois, já em cuidado
Vi no espelho do passado
E depois, já em cuidado
Vi no espelho do passado
A tua imagem de mim
E esta dor em que me vejo
E esta dor em que me vejo
De
nos ver quase no fim
Foste como quem cumprisse uma vingança
Foste como quem cumprisse uma vingança
Que guardavas às escuras
Esperando a sua vez
Foste como quem me desse uma bonança
Foste como quem me desse uma bonança
Fraquejando à tempestade
De tão frágil que se fez
Resgatei o teu ciúme
Resgatei o teu ciúme
Quatro
vezes deitei lume
Ao teu corpo de marfim:
E depois, como uma espada
Pousei na terra queimada
E depois, como uma espada
Pousei na terra queimada
O meu ramo de alecrim
E esta dor em que me vejo
E esta dor em que me vejo
De
nos ver quase no fim
Foste como quem me armasse uma emboscada
Foste como quem me armasse uma emboscada
Foste como quem me urdisse uma cilada