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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
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Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.685 LETRAS <> 3.755.000 VISITAS <> FEVEREIRO DE 2024 <>
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O Chico da Mouraria

*Fado da rainha*
Tomaz Colaço / Frederico Freitas e António Melo *fado rainha*
Versão do repertório de Argentina Santos
Criação de Maria Albertina com o título *Fado da rainha*
Teatro Avenida na Revista *Água Vai* em 1937


O Chico da Mouraria
Cantava tão bem o fado 
Com tanta sabedoria
Que era o homem mais falado
De quantos homens havia

Uma guitarra de pinho 
Com cinco cordas de arame
Tocava-as com tal jeitinho
Que era sempre um enxame 
De moças, no seu caminho

Mas certo dia, à tardinha 
Um grande de Portugal
Deu-lhe o recado que tinha
Vai ao palácio real 
Cantar o fado à rainha

A rainha era novita 
Uma princesa estrangeira
Usava laços e fita 
Na doirada cabeleira
Que a tornavam tão bonita

Eu não sei aqui contar 
O que depois aconteceu
Talvez o conte o luar
O fado logo aprendeu 
E anda sempre a cantar

E então, desde esse dia 
Desde aquela serenata
Sem saber quem lha daria
Usa guitarra de prata 
O Chico da Mouraria        

Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção
*

Esta letra aparece muitas vezes atribuída a Américo Marques dos Santos. 
Este letrista limitou-se a adaptar a letra original de Tomás Colaço a sextilhas 
acrescentando-lhes versos cheios de erros de métrica, num atropelo aos direitos 
do autor verdadeiro, pois registou essa péssima adaptação como original seu 
na SECTP, em 23/10/67, com o título «A Princesa e o Fado»; e uma segunda vez 
em 22/9/1976, com o título «O Chico da Mouraria»*

Argentina Santos (CD Argentina Santos, Discossete, Lda., Lisboa, 1995) e Manuel 
Cardoso de Meneses (CD O Fado – Manuel Cardoso de Meneses "Hoje" 
Companhia Nacional da Música, S. A., Lisboa, 2010) gravaram, em excelentes
interpretações as quintilhas originais de Tomás Colaço, na música de 
Frederico de Freitas António Melo mas com o título «O Chico da Mouraria
 quando deveria ter sido o título original *Fado da Rainha*.
Infelizmente também, ambas as editoras atribuíram a letra a Américo dos Santos 
perpetuando o erro e encaminhando os direitos de autor para que não deveria 
recebê-los. Para se poder comparar com o original, as sextilhas de 
Marques dos Santos são:

O Chico da Mouraria / Cantava tão bem o fado
Com tanta sabedoria / Que era o fadista mais disputado
P’la nobreza e fidalguia/ Que havia naquele reinado

Uma guitarra de pinho / Com cinco cordas de arame
Tocava-as com tal jeitinho / E tal mestria que era um enxame
De moças no seu caminho / Ouvindo o lindo certame

Mas certo dia à tardinha / Um grande de Portugal
Deu-lhe um recado que tinha
Para que fosse ao Paço Real / Cantar o Fado à Rainha
Com sua voz de cristal

A rainha era novita / Uma princesa estrangeira
Usava laços de fita / Que lhe cingiam a cabeleira
Era a c’roa mais bonita / Num rosto de feiticeira

Porém eu não sei contar / O que então aconteceu
Talvez o saiba o luar / Como a rainha logo aprendeu
O lindo fado a cantar / E nunca mais se esqueceu

A partir daquela data / Do Socorro até à Guia
Desde aquela serenata / Quem vê o Chico da Mouraria
Usa guitarra de prata / Sem saber quem lha daria


Criação de Maria Albertina com o título *Fado da rainha* Teatro Avenida na Revista 
*Água Vai* em 1937
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
(Do jornal A Voz de Portugal, Ano II, n.º 6, de 15 de maio de 1955)