Repertório de Luísa Basto
Já catou
Os caixotes da cidade sem achar
Os arredores da vida já buscou
Nas ruas desta idade, um só lar
Uma cama esquecida
No latão do lixo que deixámos
No papel
Que deitámos à rua
Está o pão que nós já desprezamos
Que deitámos à rua
Está o pão que nós já desprezamos
Está o fel
Da sopa que faz sua
Não toquem naquilo que é do Chico
Ninguém quer papel ou trapo
Ai mal de quem quer ficar mais rico
Por ter um caixote e um farrapo
Quem lhe dera
Ter um caixote cheio, mais cartão
Sem entrada na Mitra, ele espera
Poder achar um meio, um portão
Que vá dando guarida
Esta terra
Que vai sendo pesada, esta hora
Já lhe custou a passar, está na guerra
Desta coisa danada, já demora
A vez de descansar
Da sopa que faz sua
Não toquem naquilo que é do Chico
Ninguém quer papel ou trapo
Ai mal de quem quer ficar mais rico
Por ter um caixote e um farrapo
Quem lhe dera
Ter um caixote cheio, mais cartão
Sem entrada na Mitra, ele espera
Poder achar um meio, um portão
Que vá dando guarida
Esta terra
Que vai sendo pesada, esta hora
Já lhe custou a passar, está na guerra
Desta coisa danada, já demora
A vez de descansar