Repertório de Gonçalo Salgueiro
Fiz do teu corpo altar, onde m’inflamo
O negro dos teus olhos, santuário
Da tua boca os fados que derramo
Da tua pele morena, meu sudário
O cheiro do teu corpo é meu incenso
Aceso no meu corpo em devoção
Num ritual antigo em que me venço
Ascendo ao alto plano da paixão
O som da tua voz é negro brado
Que ecoa no meu ser como um trovão
Liberta meu viver deste pecado
E rasga dentro em mim a solidão
Deixa-me ser a chama que em ti arde
E aquece tuas mãos de noite escura
Esquecer qual é o nome da saudade
Fazer amor contigo e ser loucura
No dia em que um só fado me restar
No tempo que a idade me consome
O último suspiro que eu cantar
Amor, seja teu nome, amor teu nome