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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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Mendigas

Glosa de Linhares Barbosa / Mote de autor desconhecido
Letra publicada no jornal “Guitarra de Portugal” em Maio de 1939
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível.

Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado


As meninas dos meus olhos
Parecem duas mendigas
Sempre a pedirem esmola
Aos olhos das raparigas


Esta noite vi balhando 
E cirandando a Joaquina
Que é filha de gente fina 
Que tem dom e que tem mando
Se a vissem, linda, rodando 
Com o seu avental de folhos
Cabelos loiros, aos molhos 
Bota branca de bezerro
É nessa moça que eu erro
As meninas dos meus olhos

Mas, ai de mim! Que o demónio 
Não é de mim que ela gosta
Porque vejo que se encosta 
Ao filho do tio António
Ele sim, que toca harmónio 
E já dizem as amigas
Que são p’ra ele as cantigas 
Que ela canta nos desfolhos
Suas meninas dos olhos
Parecem duas mendigas

Porque é que os olhos da gente 
Quando vão às romarias
Vêm certas alegrias 
Que os transformam de repente?!
Ele há coisas!... francamente 
Que até parecem graçola
Os meus olhos de sacola 
E de esp’rança quase morta
Só andam de porta em porta
Sempre a pedirem esmola

Meus olhos são pobrezinhos 
Andam descalços e rotos
Porque há olhos marotos 
Que só lhe negam carinhos
Cruzam todos os caminhos 
Transpõem terras antigas
Só pisam cardos e espigas 
Charnecas, desolação
E por isso pedem pão
Aos olhos das raparigas