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As 7.510 letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
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Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.510 LETRAS <> 3.530.000 VISITAS <> OUTUBRO 2024 <>
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Soltas de poesia

De Manuel de Andrade
Transcrevo na esperança de obter informação credível
Letras transcritas do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado


MEUS OLHOS VIVEM NO CÉU

A guitarra disse um dia
Nos meus braços a chorar
Vem a noite e morre o dia
Só não morre o teu penar

O teu olhar que morreu
E a jura que não esqueci
Meus olhos vivem no céu
A guitarra enrouqueceu
De tanto chamar por ti

NEGROS DIAS BRANCOS SÃO

Talharei por minha mão
O que a vida não me der
Negros dias, brancos são
Por meu modo de os viver

Como eu gostaria ter
Dois corações p’ra te amar
Duas almas para te querer
Duas vidas p’ra te dar

NESSAS NOITES
De noite, quando ao luar
Meus passos iam parar
Algures junto dos teus
Nossas mãos se entrelaçavam
Nossas sombras se juntavam
Entre a negrura dos céus

Nessa altura, meu amor
Como um sopro encantador
Vinha a nós uma canção
Nessas noites, nesses dias
Entre beijos me envolvias
Na mais distante ilusão

O NOSSO ADEUS
Como passa a ventania
Entre dor e agonia
A noite passou por mim
E ao romper da madrugada
Só uma rosa orvalhada
Chorava no meu jardim

Aquela noite sombria
Que entre crepes envolvia
As nossas mãos enlaçadas
A traços negros nos céus
Escreveu o nosso adeus
O fim das nossas jornadas

POBRE GUITARRA

Dizem que a minha guitarra
É cruel como a maldade
Que me traz preso, amarrado
A um fado de saudade

Minha guitarra, coitada
Não é cruel nem maldosa
Sou eu que a trago amarrada
Nesta sina desditosa

POBRE VENTO
Meu amor se fez ao vento
Por isso o vento o levou
Nem saudade, nem lamento
O meu amor me deixou

Perdi o teu coração
Foi o vento que o levou
Pobre vento, meu ladrão
Nada de bom me roubou

QUANDO ESTE NOITE ACABAR
Quando esta noite acabar
Nunca mais hei-de lembrar
O teu olhar sorridente
Pois nessa noite perdida
Vivemos uma outra vida
Uma existência diferente

A noite viveu p’ra nós
E o calor da tua voz
Inspirou-me um novo sonho
Mas quando a noite acabar
Morrerá no teu olhar
Aquele sopro risonho

VENTO DO NORTE
O vento que vem do norte
Traz sons líricos de morte
Mensagens de desesperança
Como um querer fremente e louco
Ânsia dum tudo ou dum pouco
Que se quer e não se alcança

Vento negro, negro e frio
Que me traz o desvario
Duma vida sem fadário
Vento de morte e loucura
Vento de sede e procura
Que teces o meu calvário