-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
* 7.285' LETRAS <> 3.120.500 VISITAS * MARÇO 2024 *

. . .

Carochinha de Lisboa

Manuel Bobone e Rita Olivaes / Manuel Bobone
Repertório de Maria Ana Bobone


É quando acorda esta cidade estremunhada
Que se levanta e pede ao sol que mostre o dia
E lembre a noite, se foi bem ou mal-passada
E se foi feita de tristeza ou de alegria

Abre dois olhos, janelas de par em par
Atira a vista para um espelho que é o rio
E só acaba, finalmente, de acordar
Ao ver-se linda na proa de um navio

E à janela de Lisboa 
Há sempre uma carochinha
Louca, louca por casar
Naquela da Mouraria
Toda viradinha ao rio
Não é defeito é feitio 
A menina a perguntar:
Quem quer casar com a carochinha
Que é bonita e formosinha?
Cinco reis do meu sobrado
Com dez reis de mel coado
E um lugar nesta casinha

O sol a pino alumia os corações
E o meio-dia bate as horas na barriga
Saltam sardinhas a brilhar sobre carvões
Sai um almoço como sai uma cantiga

Estonteada pela luz que lhe faz mal
Olhos na rua, paraíso de mundanas
Descansa a vista, pisca os olhos e afinal
E só baixar com cuidadinho as persianas

Caindo a noite, cai um manto de sossego
Sobra fingida sobre um mundo em movimento
A gente canta, janta, grita, perde o medo
E fala até, devagarinho, em casamento

Mas a menina já cansada, quer mudança
Olha para o rio e vê as luzes em Almada
Fecha as janelas, fecha os olhos e descansa
Oue Deus a guarde e lhe dê noite sossegada