Repertório de Carlos do Carmo
Na Praça da Figueira ou no Jardim da Estrela
Num fogareiro aceso é que ela arde
Ao canto do Outono, à esquina do Inverno
Ao canto do Outono, à esquina do Inverno
O homem das castanhas, é eterno
Não tem eira nem beira nem guarida
E apregoa como um desafio
É um cartucho pardo, a sua vida
E se não mata a fome, mata o frio
Um carro que se empurra, um chapéu esburacado
A mágoa que transporta é miséria ambulante
Não tem eira nem beira nem guarida
E apregoa como um desafio
É um cartucho pardo, a sua vida
E se não mata a fome, mata o frio
Um carro que se empurra, um chapéu esburacado
No peito, uma castanha que não arde
Tem a chuva nos olhos e tem um ar cansado
Tem a chuva nos olhos e tem um ar cansado
O homem que apregoa ao fim da tarde
Ao pé dum candeeiro acaba o dia
Voz rouca com o travo da pobreza
Apregoa pedaços de alegria
E à noite vai dormir com a tristeza
Quem quer quentes e boas, quentinhas
Ao pé dum candeeiro acaba o dia
Voz rouca com o travo da pobreza
Apregoa pedaços de alegria
E à noite vai dormir com a tristeza
Quem quer quentes e boas, quentinhas
A estalarem cinzentas na brasa
Quem quer quentes e boas, quentinhas
Quem compra leva mais calor p'ra casa
A mágoa que transporta é miséria ambulante
Passeia na cidade o dia inteiro
É como se empurrasse o Outono diante
É como se empurrasse o Outono diante
É como se empurrasse o nevoeiro
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
Ardem no fogareiro dores tamanhas
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
Ardem no fogareiro dores tamanhas