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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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Não passes com ela à minha rua

Carlos Conde / Miguel Ramos *fado alberto*
Repertório de Fernanda Maria
Editado no livro *Poetas do Fado-Tradicional* com o título 
*Foste meu*

Ao fim de tantos anos de ser tua
Amaste outra, casaste, foste ingrato
Vi-te passar com ela à minha rua
Abracei-me a chorar ao teu retrato

Podia insultar-te quando te vi
Ferida neste amor supremo e farto
Mas vinguei-me a chorar, chorei por ti
Por entre as persianas do meu quarto

Eu bem sei que me tentas convencer
Mas o que me propões, não é bastante
Se não servi, p'ra ser tua mulher
Também não devo ser a tua amante

Casaste, sê feliz, Deus te proteja
Não te desejo mal, e tanto assim
Que não tenho ciúme nem inveja
Como a tua mulher teve de mim

Mas olha meu amor, eu não me importa
Antes que fosses dela, eu já fui tua
Podes sempre bater à minha porta
Mas não passes com ela à minha rua
-
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional
*

Um dos exercícios mais difíceis que se pode pedir a um letrista 
sendo homem de corpo e espírito, é fazer fados para mulher, visto 
ter de se «travestir» mentalmente. 
E quando esses fados se 
destacam pela qualidade, aí o temos o letrista a receber pedidos 
por parte das fadistas mais em voga, no louvável desejo de terem 
o seu próprio repertório. 
Algumas dessas fadistas devem parte da sua carreira aos êxitos 
que Carlos Conde pôs nas suas bocas, com a mesma intensidade 
de sentimentos, o mesmo poder evocativo, o mesmo imprescindível 
sabor a Fado. 
Para tanto, é necessário, além de muito hábil versejador, ser-se um 
sagaz conhecedor da psicologia feminina. 
Repare-se que o contraste 
recurso elevado a tipo de Fado, está sempre presente, com o 
efeito de surpresa, quase teatral, associado.
O exemplo que se segue *Foste Meu* mais conhecido posteriormente 
por *Não Passes Com Ela à Minha Rua* foi escrito para o repertório 
de Maria da Saudade, em 1941. 
Mais tarde, no entanto, outras vozes de gabarito o adotaram.