Repertório
de Alfredo Marceneiro
As
fontes da minha aldeia
Murmuram, gemem em coro
Murmuram, gemem em coro
E
as águas que vão correndo
Levam
consigo o meu choro
Era
perto dessas fontes
Que
em transportes de poeta
Amei
pastora dileta
Como
o sol adora os montes
Era
linda e tinha as frontes
Orladas
de tranças d’ouro
Mas
a parca, por desdouro
Veio
ceifar-lhe a sua vida;
E
as fontes, com dor sentida
Murmuram,
gemem em coro
Ao
ver as linfas serenas
Gemerem
queixas e mágoas
Mergulhei
em suas águas
O
meu rosário de penas
Assim
foram mil verbenas
Por
entre as pedras nascendo
E
o musgo que vai crescendo
Enlaça-as
com singeleza;
Conservando-lhe
a beleza
As
águas que vão correndo