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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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7090 LETRAS <> 3.082.000 VISITAS em FEVEREIRO 2024

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Campino

Fernando Santos / Raul Ferrão
Versão do repertório de Carlos Ramos
Criação de Estevão Amarante na revista *Cartaz de Lisboa*
Teatro Maria Vitória em 1937
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*


Mal canta o galo
Ainda o sol não é nado
Monto a cavalo
E vou p'ra junto do gado
E os animais
Essas tais feras bravias
Com os seus olhos leais
Parecem dar-me os bons dias


Pampilho ao alto
Corpo firme no selim
Nunca tive um sobressalto
Se um toiro investe p'ra mim
Já disse um homem
Que foi toureiro afamado
Mais marradas dá a fome
Do que um toiro tresmalhado

Quando anoitece
E o gado dorme p'lo chão
Rezo uma prece
Por alma dos que lá estão 
P'ra que as searas
Cresçam livres de tormenta
E o mal não mate as pearas
Nem os novilhos de têmpera


Mas quando as cheias 
Destroçam pastos e trigo
E há miséria nas aldeias
Eu vou pensando comigo
Já disse um homem
Que foi toureiro afamado
Mais marradas dá a fome
Do que um toiro tresmalhado

Excecional descrição, algo bucólica, da vida quotidiana do campino
que não se alterou muito de 1937 para cá. 
Apenas as «marradas da fome» e a «miséria nas aldeias» estarão hoje mais
atenuadas e, mesmo assim, não se sabe. As cheias, essas, quase deixaram
de existir com a construção de barragens ao longo do Tejo. 
Mas quanto aos aspetos profissionais, o campino continua a desempenhá-los
como descrito nesta letra, verdadeira pintura em verso.