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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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A Lucinda camareira

Henrique Rego / Alfredo Duarte *fado bailarico*
Repertório de Fernando Maurício

A Lucinda camareira
Era a moça mais ladina

Mais formosa, mais brejeira
Do café da Marcelina


De maneira graciosa 
Sobre um lindo penteado
Trazia sempre uma rosa 
Cor de rosa avermelhado;
Eu vivi enfeitiçado 
Por aquela feiticeira
Que airosamente ligeira 
Servia de mesa em mesa;
Tinha feições de princesa 
A Lucinda camareira

Primando pela brancura 
O seu avental de folhos
Realçava-lhe a negrura  
Encantadora dos olhos;
Nem desgostos nem abrolhos
Sofrera desde menina
Que apesar de libertina 
Orgulhosa e perturbante;
No velho café cantante
Era a moça mais ladina

Os marialvas em tipóias 
Iam da baixa num salto
Ver a mais linda das jóias 
Ao café do Bairro Alto;
A camareira que exalto 
De tão singular maneira
Era amada pela cegueira 
Que a palavra amor requer;
Para mim era a mulher
Mais formosa e mais brejeira

Certa noite de fim d’ano 
Em que certo cantador
Cantava ao som do piano 
Cantigas feitas de amor;
Um cigano alquilador 
De têz bronzeada e fina
Por afortunada sina 
A Lucinda conquistou;
E para sempre a levou 
Do café da Marcelina

Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*

Nalguns raros casos, talvez influenciado pela incontestável qualidade e aceitação do estilo 
dos «reis do descritivo» seus contemporâneos (Linhares Barbosa e Carlos Conde)
Henrique Rego esqueceu o pendor rústico que o caracterizou e cultivou letras de puro 
recorte lisboeta, citadino e castiço, provando a sua versatilidade e o grande mestre
que também era, como quem diz: «Também sou capaz». É o caso de outro ex-libris: