Repertório
de Daniel Gouveia
Da
Margem Sul
Vejo Lisboa inteirinha
Debruçando-se
à beirinha
Do
Tejo, seu namorado
Bairros
castiços
Vejo-os todos de uma vez
E
o canto mais português
Mora
lá, chama-se Fado
A
Margem Sul
Também canta esta canção
Vizinha
de rés-do-chão
De
um rio que também é rua
Atravessada
desde a Barra
Ao Mar da Palha
P'lo
vaivém de quem trabalha
Em
margem que não é sua
Na
Margem Sul
Acorda mais cedo, o povo
Preparando
um dia novo
Perfumado
a maresia
Rompe
a manhã
O cais fervilha de gente
Maré
humana de enchente
Que
em Lisboa se esvazia
Na
Margem Sul
Toda a gente é navegante
marujo
humilde e importante
Formiga
de um formigueiro
E
as duas margens
Trocam beijos sem cessar
Nas
manobras de atracar
Quando
chega um cacilheiro
À
Margem Sul
Também chamam “Outra Banda"
Mas
p'ra quem anda e desanda
Trocando-as
a toda a hora
A
“Outra” é esta
Tão castiça e tão bairrista
Tão
toureira, tão fadista
E
nesta é que a gente mora
À
Margem Sul
Regressa p'lo fim do dia
Com
orgulho e alegria
Quem
do trabalho faz lei
P'ra
recolher
Ao lar e à doce ilusão
De
dormir na proteção
Dos
braços do Cristo Rei