Popular *fado das horas*
Repertório de José Pracana
O mote não foi gravado, nem foi gravada a décima referente ao 1º verso.
Era já noite cerrada
Dizia o filho p’ra mãe
Debaixo daquela arcada
Passava-se a noite bem
Pelas ruas da cidade
E sem ter onde se acoite
Ao bater da meia noite
Anda a pobreza à vontade;
Sozinho, de tenra idade
Um petiz que nada tem
Lá anda nesse vai-vem
Da desgraça que o consome
É mais um dia de fome
Dizia o filho prá mãe
E a pobre mãe tosseando
Ao ver o filho a chorar
Não tendo pão p’ra lhe dar
Murmura, quase, rezando;
Meu Deus, que me vês penando
Tem pena de mim, coitada
Ó minha mãe, não é nada
Diz-lhe o filho a sorrir
Anda, que vamos dormir
Debaixo daquela arcada
E lá se foram os dois
Alguns momentos depois
E a mãe dizia somente;
Meu filho, como estou contente
‘inda vens a ser alguém
E o teu pai, lá no além
Decerto vela por ti
Mas se o pai estivesse aqui
Passava-se a noite bem